A influência dos modelos de avaliação de empresas (valuation) no processo decisório dos fundos de venture capital
AUTOR(ES)
Vagner Antonio Marques
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
16/02/2011
RESUMO
Os Venture Capital/Private Equity (VC/PE) surgiram nos Estados Unidos no final da década de 1930 e início da década de 1940 com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de novos negócios (MEADE, 1977; FELIX, 2005). No Brasil, esse tipo de capital tem emergência apenas nos anos 1980, apresentando crescimento acelerado em meados da década de 1990 (RIBEIRO, 2005). Atualmente, os VC/PE são definidos como os novos reis do capitalismo (CUNY; TALMOR, 2007) e têm crescido substancialmente, sobretudo em países emergentes (PRICEWATERHOUSE COOPERS, 2010; DELLOITE, 2010), devido à oportunidade de ganhos anormais e à sua relevância para as economias nacionais (BOTAZZI; DA RIN, 2002). Como esses ativos apresentam características que os diferenciam substancialmente das demais oportunidades de investimentos (WRIGHT; ROBBIE, 1998a, 1998b), o presente trabalho buscou, a partir dessas características distintivas aliadas à necessidade de mensuração do valor das empresas investidas, verificar como os modelos de valuation utilizados pelos fundos de Venture Capital/Private Equity exercem influência sobre a decisão de investimentos no contexto brasileiro. Para tal, conduziu-se um estudo multicaso junto a três gestores de Fundos de Investimentos em Empresas Emergentes. A coleta de dados se deu por meio de questionários e entrevistas (estruturados e semiestruturados) realizadas no período de setembro de 2010 a dezembro de 2010. Observou-se que os gestores dos casos estudados conhecem e utilizam principalmente os modelos de avaliação relativa, baseados em Fluxos de Caixa Descontados, Múltiplos do Faturamento e Métodos Baseados no Valor Econômico Agregado. Além desses modelos já referenciados na literatura, constatou-se o emprego de modelos adaptados, desenvolvidos em casa, enquanto modelos apontados como importantes na literatura, como o Ohlson (OHLSON; GHAO, 2008) e o de Precificação de Opções (DAMODARAN, 2002), não são utilizados, seja por desconhecimento (no caso do Modelo Ohlson), seja pela complexidade na operacionalização das variáveis (no caso do Modelo de Precificação de Opções). Os resultados indicaram ainda que os modelos de valuation são importantes, mas não determinantes no processo decisório, sendo aplicados como parâmetro para a negociação. Aliado a isso, identificaram-se os seguintes critérios como os de maior impacto no processo de valuation: a equipe de gestão e suas competências, o produtomercado e os critérios do fundo, critérios esses apontados por Muzyka et al. (1996). Sobre esse resultado, cumpre ressaltar dois aspectos: (i) a preocupação com a capacidade de gestão é considerada pelos gestores como o critério mais relevante por maximizar as chances de projetos serem implementados; e (ii) os critérios do fundo, diferentemente do encontrado na pesquisa de Muzyka et al. (1996), não são subsidiários, o que provavelmente decorre da especialização e/ou regionalização da carteira de investimentos, além de aspectos da regulação brasileira que estabelecem limites para as empresas-alvo.
ASSUNTO(S)
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8L4Q5HDocumentos Relacionados
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