A influência do desejo de unidade nas relações conjugais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Foi observado na prática psicoterapêutica que nos relacionamentos conjugais, a motivação psicológica para a escolha do cônjuge geralmente é feita entre tipos psicológicos opostos. Existe a sensação de que falta algo, há o desejo de se completar com o outro, de ser um mais um igual a um, uma unidade. A sensação de falta ontológica desperta o desejo de se completar e formar uma totalidade. Um não existe sem o outro. O objetivo deste trabalho é analisar e compreender como e de que formas são gerados os conflitos conjugais que sofrem a influência do desejo de unidade. Na maioria das vezes, este desejo se manifesta de forma inconsciente, repetindo imagens arquetípicas que evoluíram através do tempo e continuam presentes na forma como cada homem e cada mulher se unem e esperam ser dois em um com o casamento. A pesquisa tem como referencial teórica a Psicologia Analítica e a Terapia Sistêmica. Partiu-se do pressuposto de que se os conflitos conjugais nas suas mais diversas formas sofrem a influencia do desejo de unidade com o outro e isso pode significar que cada cônjuge busca algo maior que transcende a si mesmo e ao outro na relação. O objeto de estudo deste trabalho tem sido pouco estudado entre nós, de modo que, a metodologia escolhida foi analisar estudos de casos porque permite a interpretação e uma melhor compreensão daquilo que se estuda. Os sujeitos do estudo são casais atendidos em psicoterapia, independente da classe social, idade, credo e raça, visto que o objetivo é analisar as dificuldades e consequências do desejo de ser um com o outro nos relacionamentos conjugais. Os casais do estudo foram atendidos em consultório particular e no COFAM - Centro de Orientação Familiar. O procedimento foi observar ao longo de oito anos os conflitos dos casais que buscaram psicoterapia. Entre as diversas formas de manifestar amor houve destaque para o amor romântico e a motivação psicológica para escolha do parceiro se deu principalmente: 1) por tipos psicológicos diferentes; 2) para satisfazer expectativas inconscientes através da projeção anima/animus; 3) por uma nostalgia arquetípica de retorno ao lar, à Fonte Primordial da Vida. Essas motivações são exemplificadas com recortes de casos clínicos. As considerações finais a que se chega é de que o processo terapêutico se bem compreendido é também um apelo à evolução espiritual, cada parceiro projeta no outro algo que transcende a si mesmo e ao outro na relação, portanto, projeta no cônjuge a necessidade inerente ao ser humano de ser uno. Ao nascer, o ser humano sai da Unidade Primordial para a pluralidade do mundo. É a nostalgia do lar, da Fonte Primordial que desperta o desejo de unidade e faz com que os cônjuges procurem no amor humano finito, o infinito da Unidade Divina

ASSUNTO(S)

individuation conjugal relationship busca da unidade relações conjugais search of unity individuação relacoes interpessoais

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