A infecção pelo HTLV- I não está associada a maior risco de morte em pacientes peruanos infectados pelo HIV

AUTOR(ES)
FONTE

Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009-08

RESUMO

Existe informação limitada e contraditória sobre o prognóstico da co-infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1) e Vírus Linfotrópico de Células T Humanas Tipo I (HTLV-I). Nosso objetivo foi estimar o efeito da infecção pelo HTLV-I na mortalidade de pacientes infectados pelo HIV-1 em Centro de Referência de HIV no Peru. Trata-se de uma coorte retrospectiva de pacientes infectados pelo HIV, expostos ou não expostos ao HTLV-I. Os pacientes expostos tiveram resultados positivos no Western Blot (WB) para ambos retrovírus. Os pacientes não expostos tiveram resultados positivos para o HIV-1 e pelo menos um teste de EIA negativo para o HTLV-I. Esses pacientes foram selecionados entre aqueles que entraram no nosso Programa imediatamente antes ou depois de cada paciente exposto, no período de janeiro de 1990 a junho de 2004. O tempo de sobrevida foi considerado entre o diagnóstico da exposição ao HTLV-I e a morte. As variáveis de confusão foram: idade, gênero, estágio clínico basal da infecção pelo HIV-1, contagem basal de células CD4, e terapia anti-retroviral. Estudamos 50 pacientes expostos e 100 não expostos. Os pacientes expostos tiveram menor sobrevida quando comparados aos não expostos [mediana de sobrevida: 47 meses (95% IC: 17-77) versus 85 meses (70-100), p não ajustado < 0.06]. Os pacientes expostos tiveram maior risco de morte quando comparados aos não expostos (HIV-1/HTLV-I (24/50 [48%]) versus HIV-1 só (37/100 [37%]) p univariado = 0.2). A exposição ao HTLV-I não foi associada a maior risco de morte na análise ajustada: HR: 1.2 (0.4-3.5). O estágio clínico da infecção pelo HIV-1 e a ausência de terapia anti-retroviral foram associados a maior risco de morte. Em conclusão, a infecção pelo HTLV-I não foi associada a maior risco de morte em pacientes peruanos infectados pelo HIV-1. A infecção avançada pelo HIV-1 e a falta de terapia anti-retroviral podem explicar o excesso de mortalidade nesta população.

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