A importância dos fatores sociais em transtornos mentais graves na atenção primária de saúde.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: Os transtornos mentais graves, particularmente aqueles com situações de risco, apresentam complexidade em sua evolução clínica. Tal complexidade, na atenção primária de saúde, está relacionada com os fatores sociais. A importância de fatores sociais, principalmente rede e apoio social, tem sido valorizada na estratégia de tratamento de transtornos mentais graves. Deste modo é preciso conhecer, na atenção primária de saúde, os transtornos mentais e os fatores sociais. Esta dissertação tem por objetivo, em um primeiro artigo, descrever o perfil clínico epidemiológico dos transtornos mentais, priorizando os graves com situação de risco, e os equipamentos sociais disponíveis na área de referência de quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS). Subsequentemente, avaliar em um segundo artigo, os fatores sociais associados, principalmente rede e apoio social, aos transtornos mentais graves com situações de risco. Método: Inicialmente foi realizado um estudo descritivo de portadores de transtornos mentais (que apresentam ou não situações de risco), das situações de risco no grupo de transtornos mentais graves e de equipamentos sociais disponíveis. Após levantamento de 853 prontuários em quatro UBS, fez-se estatística descritiva, qui-quadrado e mapeamento da área estudada. Posteriormente, fez-se um estudo descritivo e comparativo entre os grupos que apresentam situações de risco (transtornos mentais graves TMG) ou não (outros transtornos mentais OTM), em relação aos fatores sociais: rede, apoio, estilo, condições de vida e variáveis socio-demográficas. Foram aplicados questionários, em uma amostra de 240 usuários atendidos pela saúde mental, nas quatro UBS. Fez-se estatística descritiva, análise univariada e regressão logística binária. Resultados: Encontrou-se 72% da amostra são de OTM, com predomínio do sexo feminino e de transtornos de ansiedade. Por outro lado, nos 28% de TMG, predominam as psicoses funcionais e orgânicas, embora com elevada proporção de transtornos neuróticos graves. As situações de risco de maior proporção foram: co-morbidade neurológica (42%) e internação psiquiátrica (33%). A rede apresenta 37 projetos sociais, distribuídos por 31 equipamentos, em sete tipos de atividades. No estudo comparativo, os fatores que permaneceram associados na regressão logística binária foram: ser do sexo masculino, ter somente até um parente confidente (rede social), não conseguir retornar para casa quando sai do espaço onde vive (condições de vida) e redução na dimensão afetivo da escala utilizada para medir o apoio social. Conclusões: A presença de TMG na atenção primária de saúde é importante e o fato de distingui-los por meio de situações de risco permite a inclusão, no planejamento, de transtornos neuróticos graves. A rede social é vulnerável, devido à expressiva proporção de TMG, ao número escasso de equipamentos e sua distância em relação à moradia dos usuários. Conclui-se que há urgência de políticas que visem o aumento do número de equipamentos da rede social e projetos de apoio social com participação das famílias, particularmente para os TMG com situações de risco.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses enfermagem decs rasnstornos mentais/epidemiologia decs atenção primária à saúde decs condições sociais decs fatores de risco decs dissertações acadêmicas $x humanos decs feminino decs masculino decs adulto decs marcadores biológicos decs

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