A gestão socioambiental no contexto do desenvolvimento (in)sustentável : uma leitura das instâncias micro, meso e macro organizacional na Aracruz Celulose

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Passadas quase quatro décadas desde as críticas sobre o crescimento econômico, que contribuia para um desenvolvimento insustentável a longo prazo, percebe-se que o problema da ênfase na dimensão econômica em detrimento da socioambiental permanece. Desequilíbrios ambientais continuam sendo evidenciados como consequência da atuação da humanidade. Para Ferreira (2007), as empresas têm contribuído para o aumento destes desequilíbrios. A autora aponta que os eventos naturais afetam a agricultura, a indústria e os serviços. Depreende-se disso que, se a empresa não é causadora direta de todos os males ambientais, ela sofre com eles. Tanto o agravamento dos problemas ambientais quanto sociais aumentou a pressão para que as empresas alterem a forma de conduzir seus negócios. Deste modo, muitas empresas têm adotado práticas ditas socialmente responsáveis para atender essa demanda e para sobreviverem no mercado. Nascimento et al. (2008) evidenciam que, para obter sucesso na implantação de ações, a empresa deve perceber-se como parte de um ecossistema de mercado. Isto implica compreender que as ações não dependem apenas das condições internas e de ferramentas adotadas pelos gestores; elas dependem também da interação da empresa com o macro e o meso ambiente. E, para serem sustentáveis, tanto a empresa quanto as demais partes envolvidas devem se preocupar com as diferentes dimensões do desenvolvimento, além da econômica (SACHS, 1996). Assim, torna-se relevante compreender como a atuação relacionada à sustentabilidade, de empresa modelo em responsabilidade socioambiental e das partes interessadas, impacta no alcance do desenvolvimento? Para tanto, analisa-se a gestão socioambiental da Aracruz, observando a relação com os níveis micro, meso e macro organizacional. A Aracruz Celulose é reconhecida internacionalmente por sua atuação socioambiental e considerada uma das vinte empresas-modelo em sustentabilidade do país. A empresa convive com uma questão polêmica, pois utiliza como matéria-prima florestas. Em contrapartida, declara que trabalha para reduzir os impactos ambientais em seus processos, desde o plantio de árvores, à extração, produção e exportação do produto. Revela, ainda, que considera também os aspectos sociais do processo, adotando postura socialmente responsável para com as diferentes partes interessadas. Por essas razões, considera-se um caso relevante para estudo. Com a pesquisa, visa-se a contribuir no campo teórico e prático relacionado à responsabilidade socioambiental e ao desenvolvimento. Para consecução do trabalho, adota-se o estudo de caso único. Para tanto, analisaram-se materiais institucionais e trabalhos acadêmicos sobre a responsabilidade socioambiental da Aracruz. Realizaram-se entrevistas com o diretor de sustentabilidade da empresa e com gestores envolvidos com a questão. Avaliou-se a relação da organização com diferentes stakeholders a partir de entrevistas com a comunidade, parceiros em projetos ambientais, órgão governamental e prestadores de serviços. Aplicou-se também questionário com os demais empregados da empresa. Como resultado, evidencia-se que a Aracruz trabalha questões de governança, transparência, relacionamento com partes interessadas e aspectos socioambientais e de gestão para alcançar a sustentabilidade. No entanto, a sua atuação é afetada por variáveis do macroambiente, especialmente pela variável econômica. Talvez isto dificulte a contribuição para o desenvolvimento integral proposto por Sachs (1996).

ASSUNTO(S)

entrepreneurial socio-environmental responsibility gestão socioambiental aracruz celulose. meio ambiente development desenvolvimento sustentável sustainability stakeholders

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