A formação do médico: um debate à luz das diretrizes curriculares nacionais / The physicians formation: a debate in the light of the national curricular directives

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A especialização precoce do profissional de Medicina trouxe prejuízos para a visão holística do ser humano por parte dos médicos e, por conseqüência, à relação médico-paciente. O uso excessivo da tecnologia e de exames de laboratório para diagnóstico encarece sobremaneira o custo da atenção à saúde, sem o aumento da produção de saúde correspondente. Além disso, a atividade médica exercida dessa maneira atenderia aos interesses de setores econômicos que operam no campo da medicina, como as indústrias farmacêuticas e de equipamentos médicos e hospitalares. A impossibilidade de esse modelo de prática médica levar ao acesso universal e eqüitativo da população aos serviços de saúde tornou-se consensual no mundo, o que reforça a necessidade de alterações curriculares no sentido de formar um médico diferenciado, que procure basear seu diagnóstico no histórico do paciente, na anamnese e num exame clínico criterioso. A mudança de paradigma no ensino médico é considerada necessária para promover a formação de profissionais humanistas, críticos e reflexivos, cujas prioridades são a Atenção Primária, promoção à Saúde, prevenção das doenças e que sejam capazes de resolver os casos das doenças prevalentes na comunidade. Esse perfil de profissional é o preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, publicadas em 2001. Todavia, os processos de mudanças curriculares visando à formação do médico geral têm enfrentado dificuldades nas escolas. Este trabalho tem como objetivo procurar entender os fatores que dificultam e os que facilitam um processo de mudanças curriculares visando à formação do médico geral com as características citadas acima. No sentido de contextualizar o problema central da pesquisa, inicialmente são mostradas a relevância do médico para a sociedade, as bases do ensino médico e sua evolução, principalmente no nosso país, e a importância do currículo e do professor de medicina na formação. Ficando caracterizada a relevante influência dos professores na formação do médico, os docentes foram escolhidos como sujeitos do estudo, por meio de dois instrumentos de coleta de dados: os questionários, cujas respostas de 32 docentes foram analisadas pelo Discurso do Sujeito Coletivo, e a análise dos episódios observados no cotidiano da escola e considerados relevantes para a solução do problema. São mostrados como fatores que dificultam a implementação de um currículo cujo objetivo é formar um médico com sólida formação geral: falta de embasamento teórico dos docentes na área de Educação; ensino centrado em ambulatórios de especialidades e em hospitais, levando à especialização precoce; disciplinas básicas ministradas por pesquisadores, com práticas não humanizadas, desvinculadas da clínica; fascínio exercido pelo uso de tecnologias (fetichismo da tecnologia); valorização da especialização por parte dos professores na forma de currículo oculto; fragmentação curricular; falta de entendimento da visão social do médico. Entre os fatores encontrados que poderiam facilitar o processo podem ser citados: apoio da diretoria da Instituição ao processo de implementação das mudanças com ações concretas; os docentes concordarem em maioria com o perfil preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais; parte dos docentes ser formada na própria Instituição, com grande comprometimento com a qualidade do profissional formado e o ambiente democrático em que as discussões entre os professores ocorrem, levando a uma maior conscientização e sensibilização dos mesmos para promover as mudanças

ASSUNTO(S)

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