A força dos laços de proximidade na tradição e inovação no/do território sergipano das fabriquetas de queijo. / The strength of the close ties of tradition and innovation in and of the territory of Sergipe fabriqueta cheese.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A produção artesanal de derivados do leite configura distintos territórios nas escalas geográficas local, regional e global. Essa iniciativa autônoma expressa a obstinação do agricultor alicerçado pela territorialidade e identidade na busca da sua reprodução social. Apoia-se na combinação com outras atividades como a agricultura, a rede de comercialização e o mercado consumidor que demanda os referidos produtos que resguardam relações simbólicas nos territórios, fundamentadas na tradição e nos hábitos culturais dos grupos. Utiliza matéria-prima produzida exclusivamente no seu estabelecimento rural e/ou adquire com vizinhos, parentes e outros. Emprega mão de obra familiar e de acordo com o volume processado, absorve trabalhadores temporários e permanentes. O queijo artesanal constitui alvo de perseguições movidas pelo mercado formal e pela rede institucional em decorrência da ilegalidade e do não cumprimento da legislação em vigor. A incompatibilidade da legislação e o caráter impeditivo para com o setor artesanal é visível, uma vez que esse modelo foi incorporado pelo Brasil na década de 1950 em acordo com as exigências do mercado dos Estados Unidos e direcionada à grande produção, desconsiderando a produção artesanal. A estratégia da produção de queijos artesanais norteia esta tese e enuncia-se como objetivo geral do presente estudo: desvelar a configuração do SIAL queijeiro artesanal sergipano, sua contribuição para a reprodução social de diferentes atores, a circulação de capital local/territorial e os seus reflexos no tecido social/cultural/econômico do espaço apropriado conformado em território. Desvendar essa alternativa no espaço rural fundamentase na abordagem cultural da geografia por meio das análises da categoria território e dos conceitos da territorialidade, identidade e redes, entrelaçadas pelas discussões pautadas nos sistemas produtivos locais, configurados na concentração de fabriquetas de queijo no Sertão Sergipano do São Francisco. As análises dessa estratégia foram direcionadas para além das dimensões mercantis, vinculando às dimensões sociais e culturais inerentes na/a atividade. Desse modo, tem-se a possibilidade de entender o espaço apropriado, transformado em território queijeiro que é heterogêneo e múltiplo, diferentemente dos vários territórios elencados nesta pesquisa nas escalas regional e global. A leitura dos outros territórios permitirá entender o paradigma das IG- Indicações Geográficas criado nos países da Europa e defendidas pelos atores e a rede institucional que apóia a produção artesanal na América Latina. Dessemelhante das experiências elencadas na escala regional, em Sergipe, após dez anos, não se identificaram avanços com relação à elaboração de normativas direcionadas a esse setor, perdurando informalidade. O descompasso das políticas para o âmbito artesanal neste Estado evidencia uma desconexão com as ações fomentadas pela rede institucional nos territórios queijeiros artesanais nas escalas regional e global quando avançam pesquisas motivadas pelas relações simétricas com vistas à qualificação dos produtos, de forma articulada, respeitando o saber-fazer local.

ASSUNTO(S)

geografia redes identidade handmade cheese identity state queijo artesanal território located agri-food production system social reproduction nets estado territoriality territory reprodução social territorialidade sistema agroalimentar localizado

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