A fauna de Doryctinae (Hymenoptera: Braconidae) em remanescentes de Mata Atlântica Ombrófila Densa

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os insetos parasitóides incluem espécies-chave, reguladoras naturais das populações dos seus hospedeiros. A subfamília Doryctinae (Hymenoptera: Braconidae) foi escolhida como objeto de estudo deste trabalho por ter sido capturada em grande abundância na Mata Atlântica Ombrófila, podendo indicar alterações ambientais e por ter sua diversidade no Brasil ainda insuficientemente amostrada e descrita. Os locais onde foram coletados os insetos para este estudo seguem o planejamento definido pelo projeto Riqueza e Diversidade de Hymenoptera e Isoptera ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica a floresta pluvial do Leste do Brasil (BIOTA/FAPESPProcesso n. 1998/05083-0). Foram utilizadas armadilhas Malaise (técnica de coleta passiva), armadilhas de Moericke (atrativa) e varredura da vegetação (ativa). Para possibilitar a comparação entre os diferentes pontos amostrais, as coletas foram padronizadas a fim de se obter esforços amostrais semelhantes em todos os pontos. Os Doryctinae foram identificados em nível genérico e foram calculadas freqüência de ocorrência, riqueza de gêneros, os índices de Diversidade e Equitabilidade para cada localidade, a fim de se conhecer a distribuição dos indivíduos na Mata Atlântica Ombrófila Densa. Regressões lineares e polinomiais foram aplicadas às curvas de dispersão para verificar possíveis correlações entre os dados obtidos e o gradiente latitudinal da Mata Atlântica. O total de indivíduos de Doryctinae capturados foi 12.249, distribuídos em 41 gêneros, sendo seis novos. A estação Biológica de Santa Lúcia, no município de Santa Teresa (ES) apresentou a maior freqüência de ocorrência dos espécimes de Doryctinae, 13,5% (1.651 indivíduos) e maior riqueza de gêneros (23). Os maiores valores calculados do índice de Diversidade foram encontrados para Santa Luzia do Itanhy (SE) e Santa Maria Madalena (RJ) (1,02 nats). São Bento do Sul (SC) foi a localidade com o maior valor calculado de Equitabilidade (52,15%). O gênero mais abundante foi Heterospilus Haliday responsável por mais de 80% do total de indivíduos coletados (10.154). Santa Teresa (ES) foi a localidade com maior número de gêneros exclusivos, seis. Em Santa Maria Madalena (RJ), dois novos gêneros exclusivos foram identificados (Gênero Novo 2 e Gênero Novo 4), assim como em Santa Luzia do Itanhy (SE) (Gênero Novo 5 e Gênero Novo 6) e em Mata de São João (BA) (Gênero Novo 3). A técnica de varredura da vegetação foi a com maior número de indivíduos capturados (8566) e maior número de gêneros diferentes (37) As linhas de tendência obtidas através de regressões lineares simples indicam inexistência de associação entre a latitude e as variáveis analisadas. Quando se aplica uma linha de tendência do tipo polinomial percebe-se que o padrão, com exceção dos valores de Equitabilidade, sugere que os Doryctinae apresentam picos de abundância, riqueza e diversidade em latitudes medianas, entre 15 e 20, aproximadamente. 179 é o número total de gêneros válidos de Doryctinae até o momento; destes, 97 ocorrem na região Neotropical e 80 no Brasil que detém o maior número de gêneros registrado. 29 novos gêneros para o Brasil estão confirmados, porém não publicados. A diagnose de seis novos gêneros encontrados na Mata Atlântica Ombrófila Densa está apresentada, bem como sua localização na chave de identificação para os gêneros de Doryctinae do Novo Mundo (MARSH, 1997). Mesmo com apenas 7% da sua cobertura original, verificamos que a comunidade de Doryctinae presente na Mata Atlântica se mostrou muito abundante e rica em gêneros.

ASSUNTO(S)

braconidae parasitóide doryctinae ecologia hymenoptera mata atlântica

Documentos Relacionados