A estruturação da identidade em crianças com câncer: aspectos psicodinâmicos e psicossociais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O câncer é um processo desenvolvido no próprio organismo, a partir de suas próprias células, mas com uma estrutura funcional e protéica diferente. Obedece a leis fixas, ordenadas e repetidas. Suas características indicam causa multifatorial, representada por influências constitucionais e ambientais. Desenvolve-se a partir de uma falha imunológica, onde acontece o não reconhecimento de células anômalas, permitindo a sua proliferação. O tecido canceroso tem a capacidade de formar novos vasos sangüíneos, que o nutrirão, em detrimento, inclusive, do próprio organismo. Os cânceres pediátricos diferem das neoplasias malignas em adultos quanto à sua natureza, distribuição e prognóstico, afetando geralmente as células do sistema sangüíneo e os tecidos de sustentação. O câncer é uma doença, ainda que temporariamente, incapacitante e envolta de uma representação social vinculada à expectativa de morte e vivência do luto antecipado. Quando o acometido é criança, os significados psicossociais são permeados pelo simbolismo que a própria criança adquire em dada sociedade. Apresenta-se uma conotação dinâmica de alguém que está em projeto de se tornar algo, sendo esta pessoa construída a partir de interações e reações totais à uma situação que confronta e que para ela tem sentido pessoal. Nesse contexto, a construção da identidade, considerada neste estudo como o resultado de um interjogo de um processo representativo individual e social, onde intervém o imaginário e o simbólico com poder de atribuição de determinado sentido às coisas e aos fatos, pode ser afetada por um evento grave e significativo como o câncer. O objetivo deste estudo foi investigar aspectos psicodinâmicos e psicossociais ligados à estruturação da identidade de crianças com câncer. Utilizou-se o método qualitativo, empregando a técnica da entrevista semi-dirigida com as mães das crianças participantes. Com as crianças, o instrumento utilizado foi o desenho livre, sempre buscando a livre expressão dos participantes. Foram estudadas quatro crianças, com idade entre seis e dez anos, dentre aquelas atendidas pela Associação de Amigos das Crianças com Câncer, que preencheram os critérios de inclusão dos participantes. Para análise dos dados considerou-se os pressupostos psicodinâmicos e psicossociais. Os resultados obtidos apontam que o câncer parece interferir significativamente no curso do desenvolvimento da identidade das crianças entrevistadas, provocando conflitos e angústias. A doença provoca uma ruptura que poderá, talvez, promover um redimensionamento de vida e de relação. Ganhos secundários, tanto afetivos, quanto materiais são observados, tanto para a criança, quanto para a família.

ASSUNTO(S)

child câncer infantil criança psicologia identity identidade child cancer

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