A escuta na escola inclusiva: saberes e sabores do mal-estar docente / A escuta na escola inclusiva: saberes e sabores do mal-estar docente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O paradigma que postula a inclusão de alunos com deficiência, nas classes regulares de ensino, tem provocado intensos questionamentos no cenário educacional. A proposta de uma educação, na e para a diversidade, que contemple todas as pessoas, inclusive aquelas com algum tipo de deficiência, suscita um mal-estar generalizado na instituição escolar. Neste ambiente conflituoso e desconfortante, vivenciado pela maioria dos educadores, propõe-se esta pesquisa. Sinalizando uma nova perspectiva de discussão do processo inclusivista, esta investigação, a partir da escuta do professor, buscou compreender o processo de inclusão de alunos com deficiência no ensino regular; identificar as prováveis causas do mal-estar docente; reconhecer as possíveis repercussões das histórias de vida escolar dos pesquisados em suas posturas diante do processo de inclusão e instigar a discussão de uma formação docente que propicie a valorização da dimensão subjetiva do professor. Para tanto, a leitura psicanalítica mediou e sustentou teoricamente todas as discussões tecidas, possibilitando a compreensão e recolocação do sujeito-professor no centro das prioridades educacionais. A investigação foi realizada em uma escola da rede pública do Estado da Bahia e teve, como ponto de partida, o registro da Memória Educativa da pesquisadora, com o objetivo de esclarecer a historicidade do objeto escolhido para estudo. Este dispositivo, também utilizado com os sujeitos pesquisados, possibilitou a narração dos percursos trilhados no decorrer da vida escolar e o reconhecimento das marcas, inscritas desde a infância, que repercutem na prática docente atual. Por conseguinte, o estudo descreve a trajetória e os princípios históricos das pessoas com deficiência, desde as práticas de extermínio até a atual proposta inclusivista; esclarece a confusão terminológica relativa à deficiência; identifica e discute os dispositivos legais; critica a inclusão a qualquer custo; elucida as vicissitudes inerentes ao convívio com o diferente; questiona as concepções de normalidade e patologia, diferença e rotulação, bem como o formato de educação inclusiva, implantado nas escolas públicas; situa o mal-estar docente a partir de uma aproximação educação inclusiva-psicanálise;discorre sobre a formação docente e a idealização do ato educativo, a partir da premissa de que esta estaria a serviço da exclusão de alunos e professores; discute as origens do mal-estar docente, como um sintoma do não-saber (inconsciente), propondo um debate acerca do lugar ocupado pelo professor diante da inclusão e formulando uma reflexão acerca da necessidade de escuta do professor, como forma de re-significação das verdades enraizadas no fazer educacional. Sem elaboração de hipóteses a priori, a análise de dados apontou para um mal-estar anterior à inclusão e que encontra, nesta, uma oportunidade de expressão através de uma relação de identificação entre professores e alunos excluídos e em busca da legitimação de um lugar social. À guisa de conclusão, o texto sugere reflexões acerca da valorização e da escuta docente como alguns dos caminhos para uma minimização da sensação de desconforto relacionada, inicialmente, apenas à proposta inclusiva

ASSUNTO(S)

psicanálise educação inclusiva listening included education mal-estar docente teaching discomfort psychoanalysis escuta educacao

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