A epêntese medial em PB e na aquisição de inglês como LE : uma análise morfofonológica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

No presente estudo, fazemos uma análise quantitativa do fenômeno fonológico de epêntese vocálica medial, que é atestado na fala do português brasileiro (PB) (por exemplo, [i] em mag[i]ma) e do inglês aprendido por brasileiros (por exemplo, [i] em mag[i]net). As amostras de fala utilizadas para essa análise foram obtidas a partir da gravação de frases lidas por 16 porto-alegrenses falantes de inglês como língua estrangeira. Partimos do pressuposto de que a produção de epêntese na fala do inglês seja resultado da transferência linguística que ocorre do PB para a interlíngua dos aprendizes. COLLISCHONN (2002) levantou a suspeita de que o número de ocorrências de epêntese após prefixos como sub- seria maior do que o número de ocorrências de epêntese em encontros consonantais localizados no interior de vocábulos que não são prefixados. Na tentativa de averiguar essa suspeita, incluímos em nossa análise a verificação do papel do contexto morfológico na aplicação da epêntese. Partimos da hipótese de que os prefixos que podem favorecer a epêntese em PB e em inglês têm diferentes graus de transparência, sendo que os prefixos mais transparentes parecem estar mais relacionados à aplicação de epêntese, em razão de uma possível independência fonológica que eles possam ter. Constatamos que, em PB, os prefixos sob- e sub- são os mais transparentes, ao passo que, em inglês, arch-, out, post- e sub- são os mais transparentes. Nos resultados das análises estatísticas que realizamos com os dados de cada língua, vimos, no entanto, que o papel morfológico só tem maior relevância estatística nos dados do PB, nos quais foi possível confirmar nossa hipótese de que a epêntese seria mais frequente após sob- e sub-. Os resultados das análises estatísticas nos permitiram ainda constatar que todos os grupos de fatores selecionados nas rodadas com dados do inglês (‘tipo de consoante perdida’, ‘vozeamento da consoante perdida’, ‘acento’ e ‘informante’) haviam sido igualmente selecionados nas rodadas com dados do PB. A partir dessa constatação, realizamos algumas comparações entre os resultados obtidos para os grupos de fatores selecionados nas duas línguas, o que nos permitiu verificar que, para os dados de nosso estudo, existe uma relação estreita entre os fatores muito/pouco relacionados à epêntese em português e os fatores muito/pouco relacionados à epêntese em inglês. Isso parece confirmar a atuação da transferência linguística que assumimos existir entre a L1 e a interlíngua.

ASSUNTO(S)

análise lingüística fonologia epêntese medial epêntese vocálica aquisição da linguagem língua estrangeira língua inglesa morfofonologia língua portuguesa linguagem e línguas

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