A educação de pessoas com deficiência visual: inclusão escolar e preconceito / The education of people with visual impairment: school inclusion and prejudice.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/05/2011

RESUMO

O debate sobre a inclusão escolar se fortaleceu no Brasil e no mundo em meados da década de 1990. Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2009, 61% das matrículas na educação especial foram realizadas em classes comuns de escolas regulares ou na educação de jovens e adultos, contra 39% de matrículas em escolas especializadas e classes especiais. Com isto, há, hoje, mais alunos matriculados em classes regulares do que em segregadas. A ausência de concordância em estudos dos últimos anos sobre o tema da inclusão escolar, além de expressar as contradições da própria sociedade, revela a importância de novas pesquisas para que, em conjunto, apontem os caminhos a serem seguidos. Neste sentido, esta pesquisa, que consiste em um estudo de caso, tem como objetivo geral: compreender o cotidiano escolar de um aluno com deficiência visual (DV) que frequenta classe regular, assim como preconceitos e atitudes em relação a ele dentro da escola. O referencial teórico adotado foi a teoria crítica da sociedade. Os dados foram coletados em uma escola regular particular de uma cidade de médio porte do interior paulista. Foram realizadas observações em sala e no recreio, entrevista com uma aluna com DV, entrevistas com professores e coordenação da escola, e aplicação do sociograma em uma sala de aula da 8ª série / 9º ano. As observações e entrevistas foram analisadas de acordo com a técnica de análise de conteúdo: pré-análise, descrição analítica e interpretação inferencial. Cada instrumento foi analisado e interpretado individualmente e, posteriormente, os dados foram integrados para a análise geral. Os dados coletados apontaram que, no cotidiano escolar da aluna com DV, há situações de inclusão e de exclusão. A interação com colegas é satisfatória, embora mais efetiva no recreio do que em sala de aula. Essa boa interação foi confirmada pelo sociograma, pois a aluna com DV apresentou sutil preferência. No entanto, a ausência de adaptações curriculares para a acessibilidade resulta na exclusão do conteúdo, que é passado sinteticamente à aluna, de forma que, embora sua socialização pareça preservada, sua aprendizagem está sendo parcialmente negligenciada. Ela é marginalizada em sala, pois há barreiras à sua incorporação da cultura. A não existência de trabalhos cooperativos na sala e a presença de barreiras à aprendizagem e à participação indicam que a escola tem como foco o desempenho dos alunos normovisuais e uma busca competitiva e pragmática por resultados. Esses dados sugerem a reprodução da ideologia da racionalidade tecnológica. A análise também aponta que essa escola dá maior ênfase à adaptação em detrimento da emancipação de seus alunos, o que pode colaborar para a pseudoformação de todos. O acesso à escola regular para as pessoas com deficiência visual é um ganho na história da pessoa com deficiência. Ainda assim, é preciso que pesquisas e ações voltem-se à educação de qualidade para todos, a fim de que cada vez mais nos aproximemos de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e a violência em qualquer forma de manifestação seja reduzida.

ASSUNTO(S)

critical theory inclusão escolar inclusive education prejudice sociedade society teoria crítica preconceito

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