A dança dos monstros: corpo e estética na arte e na Educação Física

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os discursos sobre o corpo em interface com a tecnologia, que permeiam as discussões contemporâneas, têm sido palco de inúmeras reflexões éticas, epistemológicas, estéticas e ontológicas. Esses corpos advindos do cenário biotecnológico também invadem a dança, possibilitando diálogos diversos, desestabilizando velhos conceitos, abrindo caminho a explorações desveladoras e trazendo consigo implicações e reflexões. Nesse contexto, esta pesquisa tem como objetivo discutir relações entre corpo e tecnologia na dança; compreender as configurações estéticas do monstro na dança como possibilidade de questionar o corpo; estabelecer relações entre o corpo monstruoso na dança e as concepções de corpo na Educação Física. Acreditamos poder contribuir para a reflexão no campo da Educação Física, visto que o trabalho visualiza ampliar o campo das discussões sobre corpo e estética, bem como evidenciar diálogos entre diferentes áreas do conhecimento, como a Arte e a Educação Física. Do ponto de vista do método, o trabalho segue orientação da Fenomenologia para uma apreciação estética de imagens dos vídeos das coreografias Inperfeito e Violência do Cena 11, grupo de dança que tem marcado novas configurações estéticas na dança brasileira. Assim nos apropriamos das reflexões sobre as cenas significativas propostas por Bicudo (2000), para apreciar a dança do Cena 11. Enfatizamos que, após a identificação das Cenas Significativas, buscou-se aproximar essas cenas a partir de sentidos próximos, das quais destacamos a aparência, o espaço e o gesto. Constatamos que os corpos revelados pelo grupo Cena 11 evidenciam uma estética que entrelaça o belo, o feio e o grotesco. Uma estética das desmedidas, capaz de transgredir as oposições, dialogando com múltiplos antagonismos e que amplifica os preceitos lineares e as estéticas apolíneas tão predominantes na história da dança e da Educação Física. Identificamos alguns indicativos que nos levam às problematizações sobre um corpo afetivo e anarquista, ao questionarem a tirania da corporalidade perfeita; a naturalização da dor; a gestualidade fechada em uma gramática única e acabada; a padronização de papéis femininos e masculinos e a negação do sentir. A partir desses indicativos, discutimos a estética dos corpos deformados do Cena 11, aproximando-a das concepções de corpo na Educação Física, ora criticando as visões racionalistas e naturalistas, ora dialogando com perspectivas mais recentes pronunciadas por pesquisadores dessa área de conhecimento, as quais apontam para uma reflexão sobre o corpo sob a ótica do sensível

ASSUNTO(S)

estética educação física body dança aesthetic educacao dance corpo physical education

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