A Copa do Mundo da ditadura ou da resistência? Comemorações e disputas de memórias sobre a Argentina de 1978

AUTOR(ES)
FONTE

Estud. hist. (Rio J.)

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/12/2019

RESUMO

Resumo O objetivo deste artigo é relacionar as memórias sobre a vitória argentina na Copa do Mundo de 1978 ao contexto mais amplo de construções e disputas memorialísticas que marcaram tanto a ditadura quanto a redemocratização e a democracia da Argentina. A história recente do país é fortemente marcada pelos conflitos entre o passado autoritário e as relações da sociedade com a última ditadura, que surgem constantemente como espaço de conflito no presente por meio das disputas de narrativas sobre as muitas memórias construídas e consolidadas. A vitória de 1978 é um marco no conflito entre torcer versus resistir ao regime que vigorou entre março de 1976 e dezembro de 1983. Com o respaldo de dados consultados na sede da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e de arquivos argentinos, nossa hipótese é a de uma mudança de política governamental com a chegada da direita na figura de Maurício Macri em 2015, em oposição às políticas de memória durante os governos kirchneristas de 2003 a 2015. Com isso, as comemorações dos trinta anos da conquista, em 2008, e dos quarenta anos, em 2018, permitem analisar essas mudanças políticas e perceber uma alteração na perspectiva da Copa como evento da ditadura.Abstract The aim of this article is to relate the memories of the Argentine victory at the 1978 World Cup to the broader context of constructions and memorial disputes that marked Argentina’s dictatorship, redemocratization and democracy. The recent history of the country is strongly marked by the conflicts between the authoritarian past and society’s relations with the last dictatorship, which constantly emerge as a space of conflict in the present through narrative disputes over the many memories built and consolidated. The 1978 victory marks a milestone in the conflict between cheering versus resisting the regime that ran from March 1976 to December 1983. Backed up by data consulted at the headquarters of the International Football Federation (FIFA) and Argentine with the coming to power of Mauricio Macri, in 2015, our hypothesis is that of a change in government policy based on memory, something that happened during the Kirchnerist governments from 2003 to 2015. Thus, the commemorations of the 30th anniversary of the conquest in 2008, and the forty 2018, allow us to analyze these political changes and to perceive a change in the perspective of the World Cup as an event of dictatorship.

Documentos Relacionados