A constituição do ethos no discurso indígena da Aldeia Pau-Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta Dissertação trata da constituição do ethos discursivo no processo de desvelamento da identidade do indígena da aldeia Pau-Brasil, localizada no município de Aracruz, no Espírito Santo. Selecionamos como objeto de análise quatro relatos retirados dessa realidade indígena e publicados na coletânea Os Tupinikim e Guarani contam..., organizada por Edivanda Mugrabi, em 2005. Os relatos ali selecionados contam histórias cotidianas vivenciadas e relatadas por indígenas e que, por isso, resgatam aspectos das preocupações e parte da história dessa população. Para analisar os relatos, propusemos como objetivo geral examinar o modo de constituição do ethos discursivo, ou seja, a forma como o sujeito enunciador, por meio das marcas e de suas competências linguísticas e enciclopédicas, constrói uma imagem de si e revela-se a nós no interior do discurso. Como o enunciador apresenta-se a si mesmo no discurso, sua maneira de dizer-se induz-nos a estabelecer uma relação com o sujeito indígena empírico. Foram nossos objetivos específicos: identificar, por meio dos mecanismos discursivos constitutivos da organização e do funcionamento destes discursos, como se dá a produção de sentidos para e por sujeitos indígenas em condições histórico-sociais determinadas e verificar a possibilidade de estabelecer uma aproximação entre o enunciador e o sujeito empírico por intermédio das representações que os relatos configuram. Para desenvolver o estudo proposto, fundamentamo-nos na Análise do Discurso, nas perspectivas apontadas por Maingueneau (1993, 2004, 2005b, 2006), que concebe o discurso como uma atividade de sujeitos inscritos em determinados contextos. Nesta perspectiva, concebemos os relatos como discurso, pois constituem um lugar enunciativo onde se inscreve o enunciador revelado por uma voz e uma corporalidade que nos permitem depreender a construção de sua imagem da qual inferimos uma identificação com o sujeito empírico. Trata-se, assim, da noção de ethos discursivo e da possibilidade de sua verificação nos discursos indígenas. O enunciador, responsável pelo que se diz no discurso, é um sujeito que fala de um lugar social e relaciona-se, por conseguinte, com os estereótipos dos sujeitos do grupo social que produziu o discurso. Optamos por trabalhar com as noções de interdiscurso, cenas de enunciação e ethos discursivo. O trabalho possibilitou-nos reconhecer o enunciador por meio da cenografia, que confere credibilidade à enunciação, uma representação mais ou menos unificada e coerente do mundo, pois manifesta um ethos discursivo que auxilia na compreensão e explicação de seu entorno e revela a identidade dos sujeitos indígenas. O fato de o relato construir-se pela voz do indígena da aldeia Pau-Brasil faznos compreender que tal discurso implica um ethos de enunciador, apreendido pelos recursos linguísticos, na enunciação, ao mesmo tempo em que nos permite inferir o ethos do sujeito indígena da coletividade que produziu aquele relato

ASSUNTO(S)

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