A CONSTITUIÇÃO DO DADO EM ESCRITOS SOBRE A PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA: ANÁLISE DISCURSIVA DE RELATÓRIOS E ARTIGOS

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2016-12

RESUMO

RESUMO Apresentamos resultados parciais de um projeto de pesquisa em que vimos discutindo o papel da escrita na formação de professores. A premissa geral é a de que escrever sobre a aula pode ser um trabalho pelo qual o professor produz, para si e para outros, dados que permitem levar adiante, por meio de uma atividade posterior, a reflexão e os posicionamentos assumidos por ele no próprio momento da aula. Neste artigo, focamos a exposição de dois aspectos dessa pesquisa: a análise de tipo "polifônico", centrada no deslindamento das "vozes" que compõem o discurso escrito sobre a aula, baseada nas ideias de O. Ducrot; e o questionamento sobre o que a configuração do enunciado pode dizer acerca do "sujeito empírico" responsável por ele, afastando-nos de Ducrot em favor de Bakhtin. Os dados discutidos aqui representam dois universos: textos escritos por estudantes cursando disciplinas de prática em cursos de Letras e artigos acadêmicos sobre o ensino de língua publicados em periódicos da área. Apontamos três problemas comuns a ambas as esferas: a) o uso de termos "vicários" em substituição ao registro de informações concretas; b) a inserção de discursos citados como enunciados a que se responde e não como dados que se analisam; c) conclusões sobre o ensino que não se vinculam aos dados ou análises apresentadas. Sintetizamos os resultados das análises afirmando que, quando se trata de discutir o que se passa na sala de aula, mesmo quando se escutam as "vozes" que emanam desse espaço, não se lhes confere um estatuto claro de dado, dando-se aos discursos citados tratamentos diversos e fazendo com que o discurso resultante seja inconsistente enquanto análise da aula.

ASSUNTO(S)

formação de professores ensino de língua polifonia dialogismo

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