A casa físsil: o corpo migrante e os paradoxos da hospitalidade na poesia de Eduardo Jorge

AUTOR(ES)
FONTE

Estud. Lit. Bras. Contemp.

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/10/2019

RESUMO

Resumo Se a casa é o centro geográfico a partir do qual os caminhos se abrem e a cidade se oferece, frequentemente a vivência do migrante altera a percepção desse “chez soi” e enfraquece sua oposição aos espaços públicos, abertos, compartilhados. A hospitalidade pode tornar-se hostilidade. O presente artigo busca examinar os abalos na representação do espaço doméstico na obra recente do poeta brasileiro Eduardo Jorge. Vivendo em regime temporário, mudando de endereço, dominando de modo precário a cidade e seus códigos, o migrante retratado nesta poesia sente muitas vezes a casa se reduzir à dimensão da roupa (forma mais elementar de abrigo) e do corpo, transformando-se em casca, espaço físsil, fóssil, elástico.Abstract If the home is the geographic center from which all paths are possible and where the city offers itself up to the individual, then the migrant's experience often alters the perception of this “chez soi” and weakens its opposition to open and shared public spaces. Hospitality can become hostility. This article seeks to examine the instabilities in the representation of domestic space in the recent work of the Brazilian poet Eduardo Jorge. Given his temporary condition - changing addresses, precariously dominating the city and its codes - the migrant portrayed in this poetry often experiences home as reduced to the dimensions of clothing (the most basic form of shelter) and of the body, himself transformed into shell, fossil, elastic, and fissile space.

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