A banalização da injustiça social no cotidiano de trabalho : a propósito da violência no trabalho e ameaça à saúde do trabalhador

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Analisa os fatores que desencadeiam violência pela banalização dos problemas e das questões da saúde dos trabalhadores em uma instituição pública federal, em Natal/RN. Analisa as transformações no mundo do trabalho, com seus determinantes políticos, sociais e econômicos e sua relação com a saúde do trabalhador. Aborda a violência no ambiente de trabalho e suas implicações na saúde do trabalhador, enfocando a banalização dos problemas enfrentados por esses trabalhadores como uma forma de violência no e com o trabalho. Foi utilizada metodologia analítica com abordagem qualitativa, através da técnica de coleta e análise de informações segundo a história oral temática, com gravações consentidas de narrativas pessoais, através da entrevista individual com roteiro semi-estruturado. Na análise dos resultados foram construídas as categorias empíricas: o cotidiano no ambiente de trabalho e sua influência na profissão e na vida dos trabalhadores; a violência presente no ambiente de trabalho e suas conseqüências na vida e na saúde dos trabalhadores; a banalização da injustiça social, a propósito da violência contra o trabalhador e sonhos divisados, a propósito da contribuição da enfermagem. Os resultados revelam que o cotidiano de trabalho desses trabalhadores, apresentam condição ambiental e organizacional insalubres, caracterizada pela insegurança física e técnica; falta e desqualificação de recursos instrumentais e humanos; sobrecarga e complexidade do serviço; má distribuição das tarefas e pressão por prazo e produtividade, gerando tensão, conflito e ansiedade relacionados com os usuários, colegas, superiores, e com a tarefa. No ambiente de trabalho foram identificadas a violência externa, caracterizada por agressão física e verbal, sofrimento psíquico e desvalorização do trabalhador e interna, caracterizada por assédio moral, assédio psicológico, e violência estrutural ocupacional. Essas formas de violência trazem conseqüências à vida, explicitadas por fatores de ordem profissional, econômica e moral, e à saúde, por fatores de ordem biológica, mental e emocional. A banalização da injustiça social no cotidiano de trabalho foi discutida nos aspectos da banalização dos problemas e das condições de trabalho, da banalização da saúde, e da banalização da qualificação e valorização profissional. As expectativas dos trabalhadores apontaram para a necessidade de: condições de trabalho seguras; treinamentos e assistência técnica; política de atenção a saúde física, mental e social para os trabalhadores, extensiva à família. Conclui-se que as condições ambientais e organizacionais dos trabalhadores pesquisados, não oferecem segurança física e técnica de que os trabalhadores necessitam para a execução de suas atividades, nem oferecem conforto e bem-estar físico e psíquico. A política que vem sendo utilizada pela instituição, aponta para a desvalorização e desumanização destes, acarretando sentimento de insatisfação, frustração e indignação com respeito a instituição e ao trabalho, acarretando sofrimento e adoecimento físico e mental. Constatou-se que a forma mais cruel de violência presente no ambiente de trabalho é a banalização da injustiça social diante dos problemas e saúde desses trabalhadores, gerando padecimento lento e morte simbólica de seus sonhos e de suas vidas. Portanto faz-se necessário a implementação de uma política que promova segurança, saúde, educação integral, valorização e humanização desses trabalhadores.

ASSUNTO(S)

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