A auto-ajuda como interdiscursividade em O alquimista de Paulo Coelho

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta pesquisa, intitulada A Autoajuda como Interdiscursividade em O Alquimista de Paulo Coelho, tem por objetivo estabelecer de que forma o discurso de autoajuda atravessa interdiscursivamente o corpus em análise, caracterizando-se como valor estético de construção do discurso literário. Para desenvolver tal análise, balizamos nossas leituras nos conceitos desenvolvidos pela Análise do discurso de linha francesa, doravante AD, no que concerne a noções como Interdiscurso, Memória Discursiva e Discurso Constituinte. Além disso, buscamos apoio na filosofia da linguagem bakhtiniana para entender a noção de Dialogismo. A análise discursiva do romance O Alquimista busca identificar de que forma o discurso de autoajuda atravessa interdiscursivamente a obra e os efeitos estéticos que esse discurso constrói. Podemos dizer que o discurso de autoajuda baliza os acontecimentos narrativos, pois sempre que Santiago, um jovem pastor que teve um sonho repetido, esmorece na busca pelo tesouro que viu em seu sonho, enunciados que constituem o discurso de autoajuda são retomados na voz de outras personagens que, por sua experiência de vida e conhecimentos adquiridos, são detentoras dos saberes de que Santiago necessita para empreender sua jornada em busca da realização pessoal. O discurso de autoajuda se vale de discursos constituintes, inclusive do próprio discurso literário, para sua construção. Percebemos, então, que o discurso literário em análise é atravessado por diversos outros discursos, como o discurso religioso e o discurso econômico-capitalista. Ao criar histórias que retratam heróis que enfrentam as mesmas dificuldades que os seres humanos, Paulo Coelho afasta-se do que os formalistas russos entendem por boa literatura. Isso faz com que Paulo Coelho não seja bem visto pelos críticos de literatura. No entanto, ao criar heróis que vivem as mesmas mazelas do homem contemporâneo, Paulo Coelho capta a atenção do leitor, pois este se identifica com o herói, ao ver que os problemas enfrentados por ambos são os mesmos: insegurança, falta de confiança em si mesmo, marasmo, vontade de realização pessoal, tudo isso gerado por diversos acontecimentos históricos, sociais e econômicos que caracterizam o mundo contemporâneo. Paulo Coelho vale-se do discurso de autoajuda, que é o discurso que auxilia o homem contemporâneo na busca de sua identidade, para balizar as ações de seu herói.

ASSUNTO(S)

paulo coelho literature linguistica interdiscurso literatura brasileira - história e crítica self-help autoajuda interdiscourse literatura análise do discurso o alquimista - crítica e interpretação

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