A atividade de trabalho e a saúde das enfermeiras na estratégia saúde da família- ESF

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O Programa Saúde da Família - PSF, implantado no Brasil há mais de uma década, vem se consolidando como estratégia de reorientação das práticas assistenciais de atenção à saúde. Observa-se, entretanto, que a sua implantação e desenvolvimento nos municípios brasileiros, bem como a sua compreensão por parte dos diversos atores envolvidos (gestores, profissionais e população), têm ocorrido de forma variada. Nosso estudo pretende analisar a relação entre a atividade de trabalho e a saúde das enfermeiras da ESF dos distritos sanitários I, III, IV e V, em João Pessoa PB. Temos como objetivos específicos: investigar as condições e a organização do trabalho; identificar as regulações das atividades desenvolvidas pelas enfermeiras; analisar as vivências de sofrimento e prazer e os processos de adoecimento vinculados a esse tipo de atividade. Recorremos aos aportes teóricos da ergonomia da atividade, que disponibiliza ferramentas conceituais para apreender as situações de trabalho e os modos operatórios desenvolvidos pelas enfermeiras em sua ação laboral, bem como suas estratégias de regulação das variabilidades, decorrentes da defasagem entre o trabalho prescrito e o trabalho efetivamente realizado; e da psicodinâmica do trabalho, que se debruça sobre a análise dinâmica dos processos intersubjetivos vivenciados nas situações de trabalho e suas relações com a saúde daqueles que trabalham. Do ponto de vista metodológico, foram utilizadas doze entrevistas semi-estruturadas, visando obter a máxima amplitude na descrição, compreensão e explicação do foco em estudo, e quatro observações da atividade de profissionais de diferentes distritos sanitários, que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa. A análise dos dados produzidos foi a de conteúdo temática. Preliminarmente foi percebido que, nas Unidades de Saúde da Família, as enfermeiras desenvolvem múltiplas atividades no campo da assistência, da gerência e da educação/formação, o que amplia a sua responsabilidade. Dessa forma, são inúmeras as ações assumidas, tais como: serem capazes de identificar as necessidades sociais de saúde da população sob a sua responsabilidade; intervirem no processo saúde/doença dos indivíduos, da família e da coletividade; assumirem o papel de mediação entre os diversos membros da equipe de saúde da família, dentre outros. A atividade de trabalho da enfermeira também estabelece uma relação de interdependência com atividades de outros profissionais da saúde externos às USFs, como as policlínicas e os hospitais. Cabe ressaltar que, apesar de um conjunto de procedimentos estarem sob a sua responsabilidade, muitas vezes lhe é negada autonomia em importantes decisões. Também pudemos verificar que, essas profissionais estão submetidas a precárias instalações físicas das USFs, e ressentem-se da falta de capacitação acerca da proposta do Programa, do excesso de demanda por atendimento, das pressões das chefias e dos usuários, da falta de descanso físico e mental. Para dar conta das constantes variabilidades, faz-se necessário que o trabalho seja conduzido coletivamente, o que muitas vezes não acontece. Além disso, o excesso da burocracia prejudica a qualidade do atendimento. Unânimes em expressar o sentimento de realização pelo exercício da profissão, o prazer em fazer o que gostam, manifestam com freqüência sua impotência e frustração por estarem na linha de frente da prestação do serviço de atenção à saúde da comunidade, e não terem suas exigências correspondidas, por mais que se esforcem. As atividades que realizam trazem as suas dificuldades e parecem sobrecarregar o cotidiano de trabalho, tornando o trabalho extremamente desgastante.

ASSUNTO(S)

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