"A Agathotopia de Charles Sanders Peirce"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Se não pela via das crenças subjetivas psicológica e religiosa, como uma crença filosófica lógica objetiva pode atribuir ao amor, a função de lei sob a qual se dá o continnum desenvolvimento evolucionário da vida? Não afeita a imperativos categóricos ideológicos quer de ordem filosófico-moral e psicológica (como o kantiano), quer de ordem religiosa (como o cristão), a crença pragmaticista de Charles Sanders Peirce na ação instintiva para a vida em relação a tudo no Universo, estende este instinto para uma atração ao crescimento e desenvolvimento não individualista em direção ao summum bonum desde o organismo microscópico até o macro, passando pelos homens: o progresso vem de todo individuo que funda a sua individualidade na sintonia (affect) com os seus próximos (CP 6.294). A arquitetura filosófica lógica metafísica de Peirce postula o amor ágape como condição de lei cósmica evolutiva, onde o cosmos é mente e dotado de vida (CP 6.289). Segundo o Diccionario de Filosofia de Nicola Abbagnano, na página 27, o Agapismo é um termo adotado por Peirce para designar a lei do amor evolutivo, em virtude do qual a evolução cósmica tenderia a incrementar o amor fraterno entre os homens; e seguidamente, o mesmo Diccionário define Agatologia que, raramente utilizado, designa a doutrina do Bem como parte da ética. Se o pragmatista William James, contemporâneo e amigo de Peirce, conservouse na crença da ação como fim último, e então talvez para ele houvesse a possibilidade de uma ação ética como fim último, Charles Sanders Peirce dele se diferenciará, preferirá ser considerado um pragmaticista (CP 5.414) bem como preferirá se dedicar à investigação do processo evolucionário que leva ao summum bonum, onde Estética, Ética e Lógica convergem para um mesmo fim, o Bem. (EP 2.27). Agathotopia, termo utilizado pelo premiado Nobel de Economia (1977) James Edward Meade, aparece no universo da economia política como um modelo alternativo (uma combinação do que há de melhor no sistema capitalista com o que há de melhor no sistema socialista) e possível para construção de uma boa sociedade para se viver, tal qual o lugar ideal há tanto buscado pela Utopia de Thomas More (1516) e outras Utopias mais ao longo do pensamento filosófico, desde a República de Platão. Em Peirce, o que aqui lhe atribuímos Agathotopia diferente e originalmente, não se reduzirá a um bom lugar geográfico específico e ideal para se viver como querem as Utopias, não um lugar pós - morte como postulam as religiões, e tampouco um modelo sócio-político-econômico que promova o bem-estar coletivo na realidade do universo existencial. A Agathotopia de Charles Sanders Peirce está proposta ao todo de sua arquitetura metafísica científica, na sua filosofia lógica realista de seu idealismo objetivo, no seu Sinequismo, que se dá pela contínua semiose entre signo objeto- interpretante, no processo mesmo de crescimento da razoabilidade, um continuado movimento teleológico autocorretivo em direção ao aperfeiçoamento evolutivo, e que credita ao amor agápico, a função de lei mental como um hábito do universo, criador e mantenedor deste processo evolucionário. Se Peirce crê nesta ação dinâmica mental amorosa que tende para o fim Admirável, Justo e Verdadeiro, então talvez ele esteja propondo não uma Utopia a mais na história da Filosofia, mas sim, e pela primeira vez, uma Agathotopia, um tópos para o Summum Bonum

ASSUNTO(S)

lei do amor evolutivo etica peirce, charles sanders -- 1839-1914 -- critica e interpretacao filosofia law of evolutionary love logica

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