Uso da ecocardiografia Doppler na análise evolutiva da cardiopatia reumática e no suporte à decisão de suspender a profilaxia secundária de pacientes com febre reumática

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/02/2012

RESUMO

A febre reumática aguda (FRA) e a cardiopatia reumática crônica (CRC) permanecem ainda como a principal causa de cardiopatia adquirida em jovens de países em desenvolvimento. O diagnóstico permanece baseado em critérios clínicos e as alterações dos exames complementares são apenas auxiliares. Porém, com o advento da ecocardiografia Doppler, este passou a ser utilizado de forma sistemática na avaliação das alterações valvares, auxiliando no diagnóstico e no acompanhamento. Objetivos: Caracterizar os perfis clínico e Doppler ecocardiográfico de indivíduos com febre reumática nas fases aguda e crônica e definir fatores prognósticos da valvopatia significativa. Avaliar os achados Doppler ecocardiográficos naqueles com exame clínico normal, após pelo menos cinco anos do primeiro episódio, e discutir a contribuição da ecocardiografia Doppler no suporte à decisão de suspender a profilaxia secundária. Metodologia: Estudo longitudinal que incluiu 462 pacientes com diagnóstico de febre reumática de acordo com critérios de Jones acompanhados desde o surto inicial até 13,6 ± 4,6 anos. Todos foram submetidos à avaliação clínica e Doppler ecocardiográfica nas fases aguda e crônica. Em fase subseqüente do estudo, os 183 pacientes que apresentavam exame clínico normal, após cinco ou mais anos do surto inicial, foram submetidos à avaliação Doppler ecocardiográfica e classificados quanto ao grau de valvopatia mitral e/ou aórtica. De acordo com as recomendações vigentes, a suspensão da profilaxia secundária foi avaliada e incluídos critérios Doppler ecocardiográficos. As variáveis categóricas foram comparadas pelo quiquadrado (2) ou teste de Fisher, sendo adotado o nível de significância de p<0,05 e avaliadas em análise univariada e multivariada por regressão logística. O índice de Kappa foi usado para as análises de concordância. Resultados: A idade do surto inicial variou entre três e 17 anos (9,4 ± 2,4 anos), sendo 56,5% do gênero feminino. Cardite ocorreu em 55,8% e xxii valvite subclínica em 35,3% daqueles pacientes que não apresentavam sinais clínicos. Na fase crônica, 33% das lesões valvares eram de grau moderado ou grave. Nenhum caso de valvite grave apresentou resolução completa à avaliação Doppler ecocardiográfica, embora 13% dos pacientes tenham evoluído com normalização da ausculta cardíaca. Na análise multivariada, a magnitude da cardite e das valvites mitral e/ou aórtica apresentou associação com valvopatia significativa. A coréia ou a artrite foram fator de proteção para valvopatia significativa: odds ratio 0,41 (IC 95% 0,22 0,77) e 0,43 (IC95% 0,23 0,82), respectivamente. Na análise dos 183 pacientes que apresentavam ausculta cardíaca normal, após cinco ou mais anos do diagnóstico, a cardiopatia crônica subclínica ocorreu em 79% dos pacientes que tiveram cardite e em 25% daqueles sem cardite. Dos 35 (36%) pacientes que tiveram cardite e que estavam em fase da suspensão da profilaxia, em 13 (37%) havia sinais de valvopatia residual bem definida, sendo leve em 22 (63%), mas em nenhum paciente a análise Doppler ecocardiográfica foi normal. Já nos 62 (64%) pacientes que estavam em fase de suspensão da profilaxia e que não haviam apresentado cardite, apenas dois (3%) apresentavam valvopatia residual bem definida, sendo 15 (24%) leve e 45 (73%) apresentavam exame normal. Quando incluídos critérios Doppler associados aos morfológicos, a profilaxia seria mantida em 13 (37%) dos pacientes que tiveram cardite e em apenas dois (3%) dos sem cardite. Conclusão: A avaliação do grau de envolvimento valvar ao exame clínico (cardite) e Doppler ecocardiografia (valvite) no surto inicial são importantes fatores de prognóstico e identifica os pacientes nos quais a profilaxia secundária deve ser mais rigorosa. Na fase crônica, a normalização da ausculta cardíaca nem sempre é acompanhada pela normalização dos achados Doppler ecocardiográficos. Na avaliação quanto à suspensão da profilaxia secundária, o uso isolado de critérios Doppler não são adequados para diagnóstico de valvopatia, devendo-se agregar critérios para avaliação da morfologia valvar mitral.

ASSUNTO(S)

pediatria teses. ecocardiografia doppler decs febre reumática/diagnóstico decs febre reumática/prevenção e controle decs cardiopatia reumática/diagnóstico decs cardiopatia reumática/prevenção e controle decs suspenção de tratamento decs prognóstico decs auscultação cardíaca decs estudos longitudinais decs criança decs adolescente decs dissertações acadêmicas decs

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